sexta-feira, 7 de março de 2008

um ano e um mês, dois acidentes: coincidência???

Por Floriano Rodrigues

No dia 10 de janeiro de 2007 acordamos assustados com o rio invadindo tudo a sua frente, destruindo quase tudo que encontrava. Foi o acidente causado pelo rompimento de uma barragem de resíduos da Mineradora Rio Pomba Cataguases, em Miraí. Dois trilhões de litros de lama caíram no leito do rio Muriaé e seguiram a devastação até o estado do Rio de Janeiro, deixando várias cidades em estado de alerta e emergência.
Miraí, Muriaé e Patrocínio do Muriaé foram as cidades mais atingidas. Em Muriaé, cerca de 10 mil pessoas foram diretamente afetadas pelo acidente nos dias seguintes, e até o dia 25 de janeiro, houve mais três cheias, nas quais algumas pessoas perderam suas coisas pela segunda vez. A mineradora, que um ano antes havia sido condenada a pagar uma multa de R$75 mil por outro acidente, foi novamente multada em alguns milhões e foi interditada. Aos moradores, porém, a empresa ofereceu um ressarcimento pífio e alguns moradores optaram por aceitar.
Houve muita coisa errada na manutenção dessa crise: moradores das ruas mais afetadas de Muriaé reclamaram da demora da limpeza; o material recolhido nestas ruas foi depositado exatamente no Horto Florestal, local de visitação pública e preservação ambiental. O lixão está a 5 km dali.
Passados um ano e um mês já quase temos as pontes que foram destruídas, todos os moradores atingidos estão quase satisfeitos, quase foi limpo o rio, quase deu tudo certo!
Aí então na tarde da última quarta-feira, 05, o Auto Posto F3, na área central da cidade, realizava uma limpeza em uma caixa de resíduos e houve um vazamento. A manutenção lavou o resíduo e este foi levado à rede de esgoto da rua Manoel Alves de Araújo Sobrinho. Houve, por motivo ainda desconhecido, uma grande explosão, vista e ouvida por várias pessoas em diversos pontos da cidade. As tampas dos bueiros voaram e o fogo saía por ali. Um choque!
Agora ainda será apurado o que aconteceu e o que deve acontecer por isso. Mas isso são fatos. O que há, além dos fatos, de semelhante entre estes dois acidentes?
È que depois de acontecer se vê que poderia ter sido evitado. O acidente não indigna ninguém, mas saber que isso decorre de negligência, isso sim é de indignar a todos. Há também outra coisa em comum: a FEAM é a responsável pela fiscalização das duas atividades causadoras dos acidentes. O tanque da represa não estava fiscalizado, senão não teria rompido. No caso do posto de combustíveis, ele passou por uma reforma e adaptação a normas exigidas pela FEAM, mas a última visita do órgão se deu há mais de cinco meses. O que prova que a execução da obra não foi fiscalizada pelo órgão competente.
Será possível que as coisas têm que ser assim? Não creio. Mas prefiro sugerir: será que com tantas atividades perigosas e que devem ser fiscalizadas pela FEAM, por exemplo, não seria hora de termos na cidade um escritório da fundação para que possamos acompanhar as atividades comerciais e industriais que são um acidente potencial?
Agora dizem, como disse a Superintendência de Imprensa do Governo de Minas Gerais, que “o acidente ambiental está controlado”. Será que está? Quem disse o impacto que tiveram sobre o Rio estes dois acidentes? Quantos peixes morreram com o primeiro acidente? E com o segundo?
Quem é o responsável por saber disso, por nos dizer o que houve, por que e o que será feito? Ninguém da administração municipal?
(texto publicado no jornal Diário de Muraé)

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