domingo, 27 de abril de 2008

Verdades? Mais de uma?

O muro de concreto construído na Prainha.
Leila e a casa, que foi totalmente invadida pelas águas da enchente.
No final da Rua Capitão Felisberto, máquina empurrou para o rio o lixo e um pouco do calçamento.
Sebastião em sua casa, que gastou de cerca de R$ 8 mil para reformar.
O fundo da casa de Sebastião, que reforçaram também sem a ajuda de ninguém.



Como a prefeitura anunciou as ações realizadas quando do acidente e as consequentes cheias do Rio Muriaé em janeiro de 2007, fui confirmar junto a alguns moradores afetados pelos estragos. Parece que as opiniões de moradores e prefeitura não são as mesmas. Na Rua Capitão João Felisberto, na Barra, SEbastião José Lombardi e sua irmã, Lúcia Lopes Lombardi, tiveram que reformar a casa e reforçar a sustentação da mesma na beira do rio. A reforma ficou em cerca de R$ 8 mil. Os móveis foram perdidos e Lucia perdeu quase tudo, duas vezes.
"Vai ter uma audiência agora dia 30 com a mineradora e a proposta é de R$ 2 mil, como falou o advogado. Tirando os 20% do advogado, vamos ficar com R$ 1,6, bem longe do que gastamos", disse Sebastião.
Em frente a sua casa, Sebastião mostra o estrago causado pela máquina que a prefeitura enviou para empurrar o lixo para dentro do rio. Além de piorar a situação do rio, a máquina ainda fez estragos na calçada e na própria rua, que ainda não foram consertados.
Na prainha, alguns moradores têm opiniões diferentes sobre o muro de concreto na beira do rio: os que estão na última rua, de frente para o muro, apóiam sua construção. Os que moram nas outras ruas temem que assim que a água bata no muro ela volte ao outro lado do rio e entre em suas ruas com ainda mais força, causando estragos piores.
Leila Maria Carvalho do Carmo, teme pelas próximas chuvas que, sabemos, só virão no próximo ano. Ela não teve como se mudar da casa onde mora com o pai, a mãe e seu filho. "O que pude fazer foi pintar a casa, que ainda está úmida. Houve várias audiências e numa delas ficou acertado que receberíamos R$ 8 mil por cada adulto da casa e R$ 4 mil pelo meu filho. Aceitamos, mas não recebemos até hoje", diz Leila. A audiência foi há mais de seis meses e segundo ela, a maioria dos moradores da Prainha aceitou o acordo e também não receberam.
Pelo visto, há verdades e verdades nesta história.
Com certeza a administração atual não tem culpa nem pelo acidente que causou tantos estragos no ano passado nem pela situação habitacional às margens do rio, pois já estavam ali casas onde não poderiam estar. A lei diz 15 metros entre a margem do rio e qualquer construção. Mas também dizer que agiu rapidamente e usar um desastre deste como propaganda política, aí já me parece um tanto quanto oportunismo. E o pior é que um oportunismo usando meias verdades.

Um comentário:

Renato Sigiliano disse...

Com todo respeito à boa intenção do prefeito, mas acho que este muro da Praínha é um grande erro. Ali é justamente o lugar onde a água encontrava para fazer a sua "manobra", no encontro de dois rios. Agora, ela vai encontrar um "paredão"... mas a água, a água a gente sabe, ela toma o que lhe tomaram e, cedo ou tarde, alguém vai lembrar do que estou escrevendo aqui. Talvez no lugar ficasse melhor a construção de quadras de vôlei, de areia, que a população pudesse usar quando fosse possível - taí o projeto Viva Vôlei que poderia ser convidado para uma parceria - e, nas cheias, servisse para a água ocupar o seu espaço natural. Do jeito que aquilo está, os moradores do outro lado do muro não vão ver a água subindo e quando ela chegar, por um lado ou por outro, vai ficar tudo debaixo d'água. Penso que, de novo, faltou um "parecer técnico" na obra da prefeitura. Aquilo alí tem a cara do prefeito. Não é que ele queira fazer errado, mas erra ao não escutar quem entende, quem pode ajudar a fazer a "coisa certa". Destaco que estas "barbeiragens" não são privilégio da atual administração e vêm se repetindo, num lugar ou outro, há uns 30 anos em nossa cidade. Pensemos about...