Em Muriaé parecem acontecer coisas que só aqui, mesmo. Quando comentei sobre o acidente no posto de combustíveis, disse que senti falta de um vereador sequer no local. Pelo menos um dos quatro que fazem parte da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal. Ouvi outro dia que o vereador Evil Mendonça, que faz parte da Comissão, esteve, sim, no local. E eu continuo também afirmando que é muito estranho não tê-lo visto, já que moro na rua onde ocorreu o acidente e estava impedido de entrar em casa. Passei, portanto, as seis horas seguintes ao fato no local e não o vi, como também não vi nenhum outro político.
No dia seguinte apareceu a FEAM, responsável por obras como a que foi realizada no posto, e o prefeito. No dia seguinte!
Aí então esperei por alguma providência. Uma semana depois do acidente, postei aqui fotos da árvore que fica(va) perto das quatro caixas de onde vazou o combustível, segundo moradores do prédio em frente. A árvore estava morrendo e as duas na beira do rio também.
Qual não foi minha surpresa ao sair de casa ontem, pela manhã, e ver que a árvore havia sido morta de fato! É isso mesmo: cortaram a árvore. Não sei se o posto ou quem, mas a cortaram.
Sobre o acidente, nem uma multa foi aplicada ao posto e, agora, passados alguns dias, espalha-se uma conversa de que não houve vazamento de combustíveis. Não do posto. É de impressionar, não é mesmo?
E hoje também notei mais algumas árvores cortadas na beira do rio, junto ao Centro Administrativo Municipal. Com toda certeza há uma justificativa. Sempre existem justificativas para coisas como estas e não vemos, por outro lado, árvores sendo plantadas.
Será que com tantas provas de que o meio ambiente depende de nossas atitudes Muriaé vai contra a lógica? Será preciso chegar ao fim, para ver que se está fazendo errado?
A água, as árvores, o lixo, a reciclagem e todas as coisas gritantes, de bem e de mal, será que aqui em Muriaé passarão sempre impercebidas? Será necessário isto mesmo?
O Deputado Estadual Bráulio Braz, atendendo a um pedido meu, enviou um ofício ao Secretário Estadual do Meio Ambiente pedindo um braço da FEAM para Muriaé. Vejamos se seu prestígio se transforma em solução concreta...
Acho que fazer críticas como esta que fiz merece sim uma resposta como a que recebi, mas ainda não é o bastante. Nem da parte do Deputado nem de nossa parte.
As pessoas ainda jogam lixo no chão, na rua, "varrem" suas calçadas com a mangueira, sem se importar com nosso futuro. E não é nenhum devaneio pensar que o futuro de nossa geração já está condenado por estes atos.
Concluo então que chegaremos ao fim sem aprendermos a pensar com lógica, com inteligência. O pior é que se trata de um "fim" concreto. E próximo!
sexta-feira, 11 de abril de 2008
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2 comentários:
A Primavera Silenciosa
Rachel Carson
Um dos livros que marcaram o século XX
Ao ser introduzido para uso no combate a pragas, o DDT — o mais poderoso pesticida que o mundo já conhecera — terminou por mostrar que a natureza é vulnerável à intervenção humana. A maior parte dos pesticidas é efetiva contra um ou outro tipo de insetos, mas o DDT era capaz de destruir de imediato centenas de espécies diferentes de insetos. O DDT, cujo inventor recebeu o Prêmio Nobel, tornou-se conhecido durante a II Guerra Mundial, quando foi usado pelas tropas americanas contra insetos causadores da malária. Ao mesmo tempo, na Europa, começou a ser usado sob a forma de pó, eficiente contra pulgas e outros pequenos insetos.
No livro Silent Spring (A Primavera Silenciosa), lançado em 1962, Rachel Carson mostrou como o DDT penetrava na cadeia alimentar e acumulava-se nos tecidos gordurosos dos animais, inclusive do homem (chegou a ser detectada a presença de DDT até no leite humano!), com o risco de causar câncer e dano genético.
A grande polêmica movida pelo instigante e provocativo livro é que não só ele expunha os perigos do DDT, mas questionava de forma eloqüente a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico. Dessa forma, o livro ajudou a abrir espaço para o movimento ambientalista que se seguiu. Juntamente com o biólogo René Dubos, Rachel Carson foi uma das pioneiras da conscientização de que os homens e os animais estão em interação constante com o meio em que vivem.
Quando o DDT se tornou disponível para uso também por civis, poucas pessoas desconfiavam do miraculoso produto, talvez apenas aquelas que eram ligadas a temas da natureza. Uma dessas pessoas foi o escritor E. W. Teale, que advertia: "Um spray que atua de forma tão indiscriminada como o DDT, pode perturbar a economia da natureza tanto quanto uma revolução perturba a economia social. Noventa por cento dos insetos são benéficos e, se são eliminados, as coisas em pouco tempo fogem do controle."
Outra dessas pessoas foi Rachel Carson, que propôs um artigo para o Reader's Digest falando sobre a série de testes que estavam sendo feitos com o DDT próximo a onde ela vivia, em Maryland. A idéia foi rejeitada.
Treze anos mais tarde, em 1958, a idéia de Rachel de escrever sobre os perigos do DDT, teve um novo alento, quando ela soube da grande mortandade de pássaros em Cape Cod, causada pelas pulverizações de DDT. Porém seu uso tinha aumentado tanto desde 1945, que Rachel não conseguiu convencer nenhuma revista a publicar sua opinião sobre os efeitos adversos do DDT. Ainda que Rachel já fosse uma pesquisadora e escritora reconhecida, sua visão do assunto soava como uma heresia.
Então, ela decidiu abordar o assunto em um livro.
A Primavera Silenciosa levou quatro anos para ser terminado. Além da penetração do DDT na cadeia alimentar, e de seu acúmulo nos tecidos dos animais e do homem, Rachel mostrou que uma única aplicação de DDT em uma lavoura matava insetos durante semanas e meses e, não só atingia as pragas, mas um número incontável de outras espécies, permanecendo tóxico no ambiente mesmo com sua diluição pela chuva.
Rachel concluía que o DDT e outros pesticidas prejudicavam irremediavelmente os pássaros e outros animais, e deixavam contaminado todo o suprimento mundial de alimentos. O mais contundente capítulo do livro, intitulado "uma fábula para o amanhã", descrevia uma cidade americana anônima na qual toda vida — desde os peixes, os pássaros, até as crianças — tinham sido silenciadas pelos efeitos insidiosos do DDT.
O livro causou alarme entre os leitores americanos. Como era de se esperar, provocou a indignação da indústria de pesticidas. Reações extremadas chegaram a questionar a integridade, e até a sanidade, de Rachel Carson.
Porém, além de ela estar cuidadosamente munida de evidências a seu favor, cientistas eminentes vieram em sua defesa e quando o Presidente John Kennedy ordenou ao comitê científico de seu governo que investigasse as questões levantadas pelo livro, os relatórios apresentados foram favoráveis ao livro e à autora. Como resultado, o governo passou a supervisionar o uso do DDT e este terminou sendo banido.
A visão sobre o uso de pesticidas foi ampliada e a conscientização do público e dos usuários começou a acontecer. Logo, já não se perguntava mais "será que os pesticidas podem ser realmente perigosos?", mas sim "quais pesticidas são perigosos?"
Então, em vez dos defensores da natureza terem de provar que os produtos eram prejudiciais, foram os fabricantes que passaram a ter a obrigação de provar que seus produtos são seguros.
A maior contribuição de A Primavera Silenciosa foi a conscientização pública de que a natureza é vulnerável à intervenção humana. Poucas pessoas até então se preocupavam com problemas de conservação, a maior parte pouco se importava se algumas ou muitas espécies estavam sendo extintas. Mas o alerta de Rachel Carson era assustador demais para ser ignorado: a contaminação de alimentos, os riscos de câncer, de alteração genética, a morte de espécies inteiras... Pela primeira vez, a necessidade de regulamentar a produção industrial de modo a proteger o meio ambiente se tornou aceita.
Floriano,
Espetacular o seu cometário sobre o uso de herbicida nas ruas de Muriaé. Uma coisa é certa: vão aumentar os casos de alergias e os problemas respiratórios da população - a curto prazo. A longo prazo isto vai contribuir para o surgimento de casos de câncer.
À Monsanto realmente interessa que os agrônomos falem bem de seus produtos ou amenizem os seus impactos.
Abraço.
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